sábado, 14 de fevereiro de 2009

Respiro o teu corpo


Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.


Eugénio de Andrade

2 comentários:

  1. O Sabor de um corpo depois de um respirar, eis aqui acima uma síntese de quase tudo o que isso é neste teu post!..

    Sabe a lua de água ao amanhecer:
    Surgido da lua que ainda vagueia pela manhã, o sentido do sentir está no mar da boca onde o gosto de todas as coisas entram em nós para ser definido como todo o resto que o poema implica.

    Cal molhada; um ocre num mar rasgado..

    Luz mordida; uma escuridão de desejo ardente..

    Brisa nua; manhã de encanto jovial..

    Sangue dos rios; pertença momentânea..

    Rosa louca ao cair da noite; anseio infernal num desejo ardente..

    Pedra amarga; o que não se espera..

    Sabe à minha boca; é o meu anseio..

    ------------------------------------------------
    Uff...que Poema amiga!...

    Designá-lo assim como eu acima o faço, é o que eu nele distingo em cada linha, poderá andar uma frase ou outra fora do contexto mas, o que lá está em cada expressão é um sentido de cada resposta nascida em mim como o intelecto suposional em minha mente.

    Resta a tua apreciação ou algo de correcção em algum momento de minhas desígnias..

    Bjo, óptimo Domingo..

    ResponderEliminar
  2. Aqui-Ali-Acolá... Um poema lindissimo e intenso... è dificil decifrar cada frase... No entanto, toda a tua interpretação ainda torna este poema mais delicioso! Concordo com cada palavra! Se todos os enamorados sentissem este poema... veriam muito mais do que veem... muito para alem das palavras...

    um bjo grande e um óptimo domingo tambem para ti! :)

    ResponderEliminar