sexta-feira, 13 de março de 2015

A Laranja


Era uma vez uma menina muito sonhadora. Esta menina adorava o ar livre, brincar na terra, no meio dos pomares, no contacto com a Natureza. Talvez porque era nesta que a beleza não modelada ainda persistia. Tudo era Crú e Nú, sem máscaras. De todas as árvores, era a laranjeira que lhe dava mais vontade de tratar e cuidar. As laranjas eram da sua fruta preferida. Sumarentas, ricas... saciavam-na. Esta menina foi crescendo e percebeu que nem todos pomares são de terra rica, e nem todas as árvores dão laranjas doces. Pode ser porque existem árvores que azedam e morrem por não se alimentarem, ou alimentarem do que não devem. Ou então porque a menina apurou o seu paladar. Há laranjas que por mais sumo que tenham não saciam, outras que não têm sumo sequer. Um dia, outras tiveram sumo rico e saciaram, mas já morreram dentro dela. O seu sumo já não mata a sua sede... os seus olhos já não lhe(s) pede(m) mais de beber. A menina continuará a gostar de laranjas e procurará a que especialmente a sacia. Mas as laranjas podres da laranjeira, jamais encontrarão uma menina com gosto tão apurado... Jamais encontrarão os olhos, a boca e o coração de quem as soube saborear verdadeiramente e por inteiro. 

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